As relações entre o mundo da droga e o mundo da música são estreitas e conhecidas. Todos o sabemos.
É comum fazer-se música sob o efeito das mais variadas drogas. Ou sobre elas.
Eric Clapton não foi o único. A cocaína não mente.
Os Velvet Underground também escreveram sobre a sua esposa, a sua vida. A heroína.
Por cá, os Lulu Blind de Tó Trips tratavam-na por doce amante, meio bichinho, meio elefante.
Os Xutos & Pontapés, no álbum de estreia, tinham Medo. Medo do hematoma, medo d'agulha romba.
Outros tempos. Não que hoje não haja droga na música, nem música sobre droga. Há, e muita.
O que não havia em 1982, e que fazia Tim ter medo da picada aguda, era droga em forma de música.
É isso que promete a tecnologia I-Doser: um método que, através do som, controla as ondas cerebrais provocando no ouvinte os mesmos efeitos que algumas drogas como o álcool, a cocaína, a heroína ou a marijuana - de forma segura, garantem. Binaural brainwave doses for every imaginable mood, é o lema. São doses sonoras para levar no Mp3 ou ouvir no computador que podem deixar um tipo alegre, sonolento ou ébrio. Ou com alucinações.
No site oficial do I-Doser partilham-se experiências: parece que aquilo resulta mesmo.
Mas vamos voltar à música. Àquela que consumida todos os dias faz mesmo bem à saúde.
Cocaïne, de Slowhand (1977), o disco que deu a alcunha a Eric Clapton, é a minha sugestão para esta terça-feira.
Exímio guitarrista, homem dos blues e de grandes hits, mas também de polémicas, das drogas e do álcool, da tragédia de ver os colegas de banda e o filho morrerem no mesmo ano.
É Eric Clapton de Layla, My Father's Eyes e de Tears In Heaven. E de Riding With The King, num descapotável com B. B. King.
E de Cocaïne, uma canção que não sendo puro blues, tem uma cadência viciante.
Hoje Clapton tem um ar cansado. São muitos discos, muitos anos.
Desde Cocaïne, Mr. Slowhand.
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"If you wanna hang out you've got to take her out, cocaine.
If you wanna get down, down on the ground, cocaine."
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A censura existe.
Em 2008 os britânicos James não vão poder publicitar o novo álbum em outdoors. Tudo porque Hey Ma exibe um bebé e uma arma na capa e as autoridades reguladoras da publicidade não gostaram.
Em 1978, Ney Matogrosso lançava Feitiço. Na parte interior da capa do disco, uma ousadia para a época que me fez não resistir a comprá-lo em segunda mão.
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