Dizia-me alguém na semana passada que em Portugal, em música, pouco se faz e o que se faz não tem grande qualidade. Como o meu amigo está enganado, apeteceu-me dizer-lhe.
A minha proposta para hoje vem directamente de Tomar, à boleia de JP Simões. Chama-se Peltzer, e é um projecto de um só homem. Se fosse rock seria com certeza uma one man band. Não sendo, é estranho utilizar o termo. Não posso evitar comparações com Moby, por se movimentar nas estradas da electrónica e por decidir fazê-lo sem companhia. Boas canções, uma voz interessante (talvez até mais do que a do próprio Moby, não querendo esgotar aqui as comparações...), e, sobretudo, uma impressionante consciência da fase que a indústria musical atravessa por estes dias.
Foi essa lucidez que mais me impressionou no discurso de Peltzer. E é por estas razões que programas como KM0 não deveriam desaparecer das grelhas das televisões. Para além de divulgar a música, dar espaço para que os músicos expressem as suas opiniões e preocupações sobre o mundo discográfico é vital. Temos todos muito que aprender com isso.
Tem-me também impressionado um certo factor de "interioridade", apenas passível de ser apreendido quando se viaja de terra em terra. Este conceito de "interioridade" aplicado à música entende-se nas palavras de Peltzer quando diz que houvesse mais sítios para tocar ao vivo, Tomar seria palco da nova cena electrónica portuguesa. E o pior é que Tomar não é o único sítio onde as coisas fervilham sem que se lhes consiga dar vazão.
Para hoje, Peltzer, The Great Ladder.
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Ando há dias para perguntar isto:
por que é que toda gente deu agora para ouvir música nos telemóveis, sem phones?
2 comentários:
é muito bom saber que se é ouvido, e ... compreendido :)))
Gostei muito do texto!
Olá,
Deste lado também sabe muito bem saber que se é lido. :)
Obrigada pelo comentário.
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