Pode uma banda de covers cheirar a novo a cada tema, a cada palavra, a cada acorde, com a frescura de quem acabou de inventar melodias e sons completamente novos?
Os Nouvelle Vague podem.
A banda francesa pegou em temas punk e new wave dos anos 70 e 80, deu-lhes a todas roupagens de bossa nova, uma cadência quase inexprimível, uma naturalidade fresca e luminosa. Regressou ao Brasil dos anos 60, às sonoridades jazz da mesma década e da seguinte, e o resultado é uma coisa deliciosa.
As melodias às vezes são tão suaves como brisas, como neste I Melt With You, outras vezes inclivelmente samba, como na versão para Too Drunk Too Fuck, dos Dead Kennedys. O clássico Dancing With Myself ganha às mãos desta Nouvelle Vague contornos de jazz cantados em bicos de pés, e com estalares de dedinhos.
Não sei como pude estar alheada deste mundo novo por tanto tempo. Agora, a pretexto da vinda da banda a Portugal para dois concertos, decidi passar pelo Myspace e ouvir o que por lá havia. Amanhã tenho de sair da Baixa com um disco na mala. Dê por onde der.
A minha proposta para hoje é um doce nestas noites que começam a ser frias. Uma voz tão engraçada de desajeitada, como por vezes tão certinha, uma voz que se arrasta em algumas palavras, de tão deliciosamente inocente. Às vezes lembra-me Nico. Algumas melodias, as mais minimalistas, os próprios Velvet Underground.
Seja como for, está na lista das coisas obrigatórias de ouvir.
I Melt With You, Nouvelle Vague.
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"The future’s open wide
I’ll stop the world and melt with you
You’ve seen the difference and it’s getting better all the time
There’s nothing you and I won’t do
I’ll stop the world and melt with you"
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