terça-feira, 24 de março de 2009

Pearl Jam - Alive (1991)

Tenho tido pilhas de trabalho na secretária de casa e na do escritório. Aparecem coisas para fazer de todos os cantos e, na verdade, isso sabe bem. Apesar de o tempo não esticar, como todos gostaríamos.
Também tenho em lista de espera alguma música nova: uns temas que o meu namorado desencantou do fantástico músico japonês Akira Yamaoka e os novos álbuns dos The Whitest Boy Alive e dos Phoenix, duas bandas muito interessantes, em registo mais electro, que o Rui Maia me aconselhou a ouvir.

(Ah, há quanto tempo não nos sentamos no tapete da sala, cada um com uma pequena pilha de discos ao lado, a fazer descobertas desta ou daquela banda? Há quanto?)
Quero ouvi-los com a calma que merecem, por isso a sugestão de hoje é outra. Dou-me conta que um ano de blog chega para falar várias vezes dos Pearl Jam e por isso não me vou alongar na exposição. Ontem foi dia Pearl Jam em mim. A banda de Eddie Vedder decidiu reeditar Ten, o álbum de estreia, o álbum de Even Flow, Jeremy, Black e deste Alive. Um dos discos que marcou a minha adolescência, todos os anos 90 e, permitam-me isto, a história mais recente da música no mundo. Está lá tudo o que é preciso: raiva grunge, a história de um miúdo que se suicida na escola, uma das melhores letras rock de todos os tempos. A Blitz dedica a sua próxima edição aos Pearl Jam, com uma entrevista sentida a Vedder, e a todo o movimento grunge.
(Gostava de encontrar uma foto minha de camisa de flanela - ou a própria da camisa axadrezada - , mas as minhas memórias ainda não estão assim tão informatizadas...)
Ainda hoje o riff inicial de Alive me arrepia tanto como na altura em que enchia os meus cadernos da escola com esta e outras letras. E depois há a forma como Vedder conta esta história, como se envolve no diálogo de uma família estilhaçada.
Ten é obrigatório.
Pearl Jam, Alive.
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"Is something wrong, she said
Well of course there is
You're still alive, she said
Oh, and do I deserve to be
Is that the question
And if so...if so...who answers...who answers...
I, oh, I'm still alive
Hey I, oh, I'm still alive
Hey I, but, I'm still alive
Yeah I, ooh, I'm still alive"

segunda-feira, 9 de março de 2009

GAC - A Cantiga é Uma Arma (1976)

A pretexto de um trabalho que tenho agora em mãos, mergulhei a fundo na discografia de José Mário Branco.

Uns dizem que esta minha geração é menos politizada, menos interveniente, menos preocupada. Outros dizem que não, que participamos mais, mas de outras formas. Não queremos saber de partidos nem de hinos, e só vamos à Festa do Avante! uns pelo amor à música e ao espírito festivaleiro, outros porque é cool. Fazemos downloads de borla, não compramos discos nem vinis, mas vamos a cada vez mais concertos. Dizemos merda nos versos das nossas canções, nelas chamamos filhos da puta aos políticos, mas não estamos imunes à censura do dito mundo livre. Há quem queria sempre por uns pis e scratches nas palavras menos politicamente correctas, há quem não tenha pudor em banir uma canção ou um álbum das ondas do éter moderno.

Para a minha geração, o 25 de Abril é mais um feriado. Mas talvez não tenha havido nunca uma geração que preze tanto a sua liberdade, a sua privacidade, os seus direitos.

Bom, este não é o lugar para explorar orientações políticas. Como diz o grande cantor de intervenção, José Mário Branco, tudo depende da bala e da pontaria.

A Cantiga é Uma Arma, o Grupo de Acção Cultural de José Mário Branco.

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"A cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
Tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
e eu não sabia"

quinta-feira, 5 de março de 2009

Rita Lee - Baila Comigo (1980)

Rita Lee é aquele bicho estranho. Há quem lhe chame Vovó Rock, e na verdade, a cantora e compositora brasileira lançou-se no final dos anos 60 e passou as décadas de 70, 80, 90 até aos dias de hoje, sempre a compor, sempre polémica, sempre sem papas na língua.

Ouvi hoje, quase por acaso, este Baila Comigo, um tema delicioso, daqueles que apetece cantar quando a Primavera se demora, e é urgente pensar em algo mais que ventanias, vendavais, aguaceiros e as milhentas coisas que temos para fazer.

Baila Comigo, Rita Lee.

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"Se Deus quiser,
Um dia eu quero ser índio
Viver pelado pintado de verde
Num eterno domingo

Ser um bicho-preguiça,
Espantar turista
E tomar banho de sol, banho de sol,
Banho de sol, sol

Se Deus quiser,
Um dia acabo voando
Tão banal assim como um pardal
Meio de contrabando

Desviar do estilingue
Deixar que me xinguem
E tomar banho de sol, banho de sol,
Banho de sol, banho de sol
Baila comigo, como se baila na tribo

Baila comigo, lá no meu esconderijo

Se Deus quiser,
Um dia eu viro semente
E quando a chuva molhar o jardim
Ah, eu fico contente
E na primavera vou brotar na terra
E tomar banho de sol, banho de sol,
Banho de sol, sol

Se Deus quiser,
Um dia eu morro bem velha
Na hora H quando a bomba estourar
Quero ver da janela
E entrar no pacote de de camarote
E tomar banho de sol, banho de sol,
Banho de sol, banho de sol

Baila comigo, como se baila na tribo
Baila comigo, lá no meu esconderijo"

terça-feira, 3 de março de 2009

Jack White & Alicia Keys - Another Way To Die (2008)

Não sou fã da saga James Bond, como todos lá em casa. Não vi, nem tenciono ver num futuro próximo, Quantum Of Solace. Alicia Keys não é uma artista da minha eleição. Gosto do trabalho de Jack White, nos White Stripes, mas nada que me tire o sono. Então porque é que Another Way To Die me soa tão bem?

Não sei.

Tenho algumas suspeitas. Desde logo, é interessante ver um rocker e uma artista r&b como estes dois em dueto, o 1º de todas as bandas-sonoras de filmes do 007. Depois, parece-me que este é o tema que conjuga melhor o glamour associado ao universo Bond com uma certa tensão irreverente, dada sobretudo pelos dedos (na guitarra e na produção) de Jack White.

Fascina-me, sobretudo, que o lado mais "clássico" do tema seja quebrado pela guitarra de White, que funciona como um quase improviso, como um pisar fora do risco. O registo dos dois também é delicioso. É pop, é soul, é rock também.

Não sendo brilhante, é uma ousadia bem interessante de ouvir.

Jack White e Alicia Keys, Another Way To Die.

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"A door left open, a woman walking by
A drop in the water, a look in the eye
A phone on the table, a man on your side
Or someone that you think that you can trust
It's just another way to die"