sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Michael Jackson - Beat It (1982)

Todo o dia estive indecisa sobre a minha proposta para hoje. Indecisa entre um otoverme que se alojou nos meus ouvidos de manhã e azucrinou-me (no melhor dos sentidos) até há pouco e a continuação da descoberta da obra de um grande senhor.

Ora, não me decidi nem por um nem por outro. Ficam para próximas ocasiões.

Michael Jackson faz hoje 50 anos. Mas não foi propriamente para assinalar a efeméride que escolhi Beat It para hoje. Na verdade já andava para falar de Jackson há algum tempo.

Beat It é a música do dia porque andei a espreitar o top das 50 melhores guitarradas de sempre organizado pela Blitz e o tema aparece no nº 42 da contagem. No site da revista, a lista é completada com vídeos e neste, de 1982, ao vivo, Michael Jackson, com uma ajudinha do grande Eddie Van Halen faz um brilharete.

O tema do incontornável Thriller é uma sábia mistura de soul e rock, de pesadas guitarras e do ritmo funk que torna o velho Jackson inconfundível, como se diz e bem no número deste mês da Blitz.

Para juntar à lista daqueles prazeres (in)confessáveis que é toda a década de 80. Michael Jackson, Beat It.


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"They're out to get you, better leave while you can
Don't wanna be a boy, you wanna be a man
You wanna stay alive, better do what you can
So beat it, just beat it"

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Não posso deixar passar isto em branco: João Cabeleira, o mestre à guitarra, dá uma rara e extraordinária entrevista neste número especial Rock Puro e Duro da Blitz. Rui Miguel Abreu é sem dúvida um jornalista feliz e feliz é também a forma como Cabeleira se descreve. "Pode-se dizer que sou um guitarrista tranquilo". Mais palavras para quê? Soberbo.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Louis Armstrong - La Vie En Rose

A crítica já tinha avisado: Wall.E não é apenas mais um filme de animação. É o E.T. dos novos tempos. Aqui e ali já se ouve que esta história é o mais recente clássico da Ficção Científica.

Eu vi e apaixonei-me.

Quem não viu pode perguntar-se: afinal que tem Wall.E de tão espectacular? Quem já viu responderá certamente: tudo.
Para além de ser uma belíssima história de amor, das mais simples e comoventes que já vi, tem um excelente enredo, ao bom estilo da Ficção Científica mais clássica. Visualmente é surpreendente. É certo que estamos a falar da Pixar, mas conseguir expressões tão humanas em robôs é obra, mesmo para os mestres da animação.

É esta humanidade que o filme transpira que o torna tão delicioso. A banda sonora escolhida para Wall.E também foi certeira: desde Hello Dolly, o musical a que o pequeno robô assiste todos os dias e que tenta desajeitadamente imitar, até este La Vie en Rose.
Sei que sou suspeita, mas o jazz clássico parece-me, cada vez mais, assentar que nem uma luva ao universo Wall.E.
Talvez não tão óbvia como o amor e a solidão, a temática do regresso a uma humanidade perdida é outro dos pontos fulcrais desta história. E Andrew Stanton e restante equipa souberam transmitir esse desejo com a ajuda da banda-sonora e de outros pormenores como os objectos que Wall.E colecciona, sendo o mais paradigmático a cassete de vídeo que revê vezes sem fim.

Sem dúvida, um filme apaixonante. Indispensável.

Parte da banda-sonora do filme, aqui fica em jeito de homenagem, a versão que Satchmo fez para o clássico de Edith Piaf.

Louis Armstrong, La Vie en Rose.

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"When you kiss me heaven sighs
And tho I close my eyes
I see la vie en rose"

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Akira Yamaoka - Tears Of... (1999)

Descobri toda uma nova dimensão musical ao ouvir a banda sonora da série Silent Hill, o videojogo.

Não sou muito de bandas-sonoras, nem de filmes, nem de séries, nem de jogos. Nunca tal me tinha passado cabeça, poder gostar daquelas faixas que vão aparecendo enquanto jogamos um jogo qualquer para passar o tempo. Até que me apresentaram a obra de Akira Yamaoka, o músico japonês que compõe todas as músicas e efeitos sonoros para os jogos Silent Hill.

O jogo em si é de uma riqueza ambiente muito forte, principalmente no que diz respeito ao som. Não sou especialista em videojogos, mas não me parece que esteja a dizer uma grande asneira: com a ajuda de Akira Yamaoka, Silent Hill é o jogo de terror.

A música propriamente dita, é difícil de enquadrar num género, muito embora se possa dizer sem problemas que é ambiente ou industrial.

Tears Of..., o tema que escolhi para hoje, é um bom exemplo daquilo que mais me impressionou na obra de Yamaoka: o cuidado com que compõe, apesar de o fazer para um videojogo.
Um pormenor delicioso nesta faixa de Silent Hill 1: o crepitar característico dos discos de vinil, apesar de toda a música de Akira Yamaoka ser já em formato digital.

Akira Yamaoka, Tears Of...

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Talking Heads - Once in a Lifetime (1980)

A minha incursão habitual pelo Planeta Markl levou-me a Once in a Lifetime, talvez a mais paradigmática canção dos Talking Heads.

Não sou fã devota da banda de David Byrne, mas os 80's são os 80's. A década de ouro desses guilty pleasures que são canções como a que proponho hoje.

Once in a Lifetime tem todo o kitsh musical a que os anos oitenta nos habituram: um ritmo frenético, tão desengonçado quanto a figura de Byrne em palco, um refrão do mais orelhudo que há, pontas de um humor sarcástico acentuadas pelo estilo inconfundível de entoar as palavras.

Hoje, uma música tão improvável como dar consigo ao volante de um automóvel topo de gama ou do outro lado do mundo.

Once in a Lifetime, os Talking Heads

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"And you may ask yourself
What is that beautiful house?
And you may ask yourself
Where does that highway go?
And you may ask yourself
Am I right? ... Am I wrong?
And you may tell yourself
My god!...what have I done?"

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Xutos & Pontapés - 1º de Agosto (2000)

Esta música chega com uns dias de atraso. Estamos em Agosto, e em Agosto o mundo parece que abranda todo um bocadinho. Nada acontece e os dias sucedem-se quentes e monótonos.
Quentes como este tema de 1º de Agosto no Rock Rendez-Vous, a prova de que a simplicidade em música pode ser sinónimo de uma grandeza emocionante.

1º de Agosto é mais que um hino ao verão e ao tempo de descanso que esta altura representa para grande parte dos portugueses. É uma inexplicável sensação de regresso, de liberdade, de frescura.

Esqueçam tudo o que sabem sobre as tradicionais canções de verão. 1º de Agosto é outra coisa.


Para conferir, de Agosto, os Xutos e Pontapés, ao vivo no mítico Rock Rendez-Vous.

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"Adoro ver a praia dourada
O estranho brilho da areia molhada
Mergulho verde nas ondas do mar
Procuro o fundo para lhe tocar

Estendido ao sol, sem nada dizer,
sorriso aberto de puro prazer
Todos os anos em praias diferentes
Se buscam corpos sedosos e quentes"