quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

T-Bone Walker - Call It Stormy Monday (1943)

Ontem vi finalmente O Estranho Caso de Benjamin Button. Depois de ter lido todo o tipo de críticas, boas, más, assim-assim, o filme agradou-me mesmo. Por várias razões e uma delas tem o seu quê de musical, ou não fosse eu uma melómana do pior. E como este é um blog de música, deixo as partes cinematográficas para quem realmente percebe do assunto.

A curiosa história do tipo que nasce velho e rejuvenesce à medida que os anos passam acontece nesse santuário do jazz e dos blues que é New Orleans, precisamente na época de florescimento do género banhado pelo delta do Mississipi. É delicioso, não posso negar, ouvir aquelo acento típico, aquela forma tão peculiar de falar, legado de negros, de homens e mulheres que me habituei a ouvir nos melhores standards de jazz e blues.

Boa parte da acção desenrola-se entre as décadas de 30 e 50, logo o filme é muito marcado por aquela coisa tão típica que paira no ar um pouco por todo o Louisiana. Aquela cadência jazzy, não sei bem explicar.

Call It Stormy Monday, um blues típico, cantada por vários artistas em todas as gerações, não faz parte da banda sonora de O Estranho Caso de Benjamin Button, mas bem podia fazer. Escolhi a versão de 1943 de T-Bone Walker para hoje. Se existe canção que descreve como se vivia na New Orleans dos anos 40, essa canção é esta.

Deliciosa no ritmo, na guitarra que sobressai, no piano lá atrás, no saxofone que de quando em vez também se impõe. E a voz a de Walker, um desalento tal que só podia existir ali, naquele momento e naquele lugar da história.

Call It Stormy Monday, T-Bone Walker.

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They call it stormy Moday, but Tuesday's just as bad
They call it stormy Moday, but Tuesday's just as bad
Wednesday's worse, and Thursday's also sad

Yes the eagle flies on Friday, and Saturday I go out to play
Eagle flies on Friday, and Saturday I go out to play
Sunday I go to church, then I kneel down and pray

Lord have mercy, Lord have mercy on me
Lord have mercy, my heart's in misery
Crazy about my baby, yes, send her back to me

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Viviane - Serenata à Chuva (2007)

Chove. Têm chovido dias completos. Comprei um guarda-chuva amarelo, no Chinês. Foi uma vida efémera a do pobre guarda-chuva que agora jaz num pequeno caixote-do-lixo da estação do Cais do Sodré.

Tanta chuva e tanto guarda-chuva pelas ruas de Lisboa deu-me vontade de ouvir esta Serenata à Chuva, do álbum homónimo de Viviane, o segundo na carreira a solo da vocalista dos Entre Aspas. As razões são mais ou menos as mesmas que me levam a pôr água na chaleira para fazer um chá, daqueles que fundem sabores. Uma mistura fértil de fado com tango, chanson française, poesia e spoken word. E aquele sotaque delicioso meio algarvio, meio francês, com tiques de fadista.

Serenata à Chuva, com um poema magnífico de Rosa Alice Branco e a participação especial do cubano Mário Riva, a dar uma dimensão incrível à canção, o contrabaixo e as suaves escovas a pontuar, é a música de um dia chuvoso.

Viviane, Serenata à Chuva.

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"Como o amor altera o sentido da chuva,
Sim, como ela se eleva no ar
E as frases se colam ao vestido.
No interior da pele o poema mudou
Desde que entraste no guarda-chuva
Esquecido a um canto do armário


Talvez o amor seja tudo amar
Sem excepção

E eu que nunca uso guarda-chuva
Assino incondicionalmente este poema"


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Queria partilhar uma ou duas coisas ou mais convosco: gosto de guarda-chuvas, mesmo quando viram com o vento, gosto porque dão um outro colorido à cidade cinzenta por causa da chuva, porque lançam um véu misterioso sobre as pessoas que o usam. Qualquer dia mudo o título deste blog para O Guarda-Chuva Amarelo. Só porque sim.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Sitiados - A Noite (1988)


Fundador dos Sitiados, membro dos Megafone e d' A Naifa, João Aguardela vai ficar para sempre como um dos mais criativos músicos e compositores portugueses.


A Noite, tema celebrizado pelos Resistência uns anos mais tarde, é a minha sugestão para hoje. Para lembrar, juntamente com Esta Vida de Marinheiro, Vamos ao Circo? e tantas outras canções que deram novos sentidos à música popular portuguesa.


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"Ela sorriu
E ele foi atrás
Ela despiu-o
Ela o satisfaz

Passa-se a noite
Passa-se o tempo devagar
Já é dia
Já é tempo de voltar

Aqui ao luar
Ao pé do mar
Só o sonho ficar
Só ele pode ficar

Aqui ao luar
Ao pé de ti, ao pé do mar
Só o sonho fica
Só ele pode ficar."

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Xutos & Pontapés - Quem é Quem (2009)

30 e tal razões (de entre milhares) para dar os parabéns aos Xutos & Pontapés!
Pelos 30 anos e pelo 1º single do próximo álbum, que lhes faz toda justiça
Quem é Quem não podia deixar de ser a minha proposta para hoje.


Quando eu morrer não levarei flores pró meu buraco
Porque eu vou morrer do fígado, de cancro
E não se dão flores a quem morre de cancro.

Mãe, mãe, tenho ciúmes do pai.

Eu não quero é morrer devagar.
1982
Falta-me o emprego p'ra cá ficar.
E uma vontade de ir
correr o mundo e partir
a vida é sempre a perder.
Juntos fomos correndo lado a lado
juntos fomos sofrendo ter amado
amas a vida e eu amo-te a ti
A carga pronta e metida nos contentores
adeus aos meus amores
que me vou
p'ra outro mundo
1985
Quer eu queira quer não queira
filhos da puta sem razão e sem sentido
no meio da rua, nua, crua e bruta
eu luto sempre do outro lado da luta
Pensas que eu sou um caso isolado
não sou o único a olhar o céu
Viver a vida sempre preocupado
passar o tempo sem ir a nenhum lado
"
Adeus vida atinada
dos horários e das bichas
e das gripes no inverno e do suor no verão
A vida vai torta, jamais se endireita
1987
Mas será sempre, sempre à minha maneira
Eu hei-de encontrar aquilo que procuras
para te dar e receber ternuras
E o sol desce p'ra Monsanto enquanto ele faz a barba
adormeceu entretanto, já saiu a namorada
Eu cá sou bom, sou muito bom
As saudades que eu já tinha da minha alegre casinha
tão modesta quanto eu
1988
Só sei que amar é querer-me a mim e querer-me a mim
dá-me o poder de inventar, de conseguir
atravessar o grande rio entre o voltar e o partir
estranha vontade de amar
Gritos mudos chamando a atenção
1990
Acordo em lugar nenhum
apanho a roupa do chão
em solidão, dá-me a tua mão
ó sonho meu
O dinheiro p'ra mim não conta
eu trabalho por prazer
mas o dia que eu mais gosto é o dia
de receber
E o que foi feito de ti?
E o que foi feito de mim?
O que foi não volta a ser
mesmo que muito se queira
e querer muito é poder
o que foi não volta a ser
1992
Se fecharem um pouco os olhos
conseguem ver as estrelas a brilhar
será sempre assim
Não tenho medo do lobo
nem paciência p'ró teu pastor
ovelha negra
carneiro preto
eu vou direito ao deserto
1993
Arrisca mais uma vez
nem que seja só por arriscar
nunca se tem muito a perder
dá um mergulho no mar
O frio aperta, na manhã submersa
Vai ficar tudo bem
isso eu sei
quando o sol se juntar ao mar
e eu te voltar a beijar
1997
Ai meu amor, o que eu já chorei por ti
mas sempre, p'ra sempre
vou gostar de ti
1998
O tempo, é difícil conjugar o tempo
Quem vive, quem morre
quem come e quem passa fome
passa tudo pela minha mão
agradece ao Grande Irmão
Faz a viagem, se não tens abrigo que tenhas coragem
Ninguém te amou como eu
ninguém te quis como eu quis
ninguém te fez feliz como eu
ninguém te magoou como eu
Ahhh, mas não foi assim
2001
Diz-me se estão a favor da guerra
se deixam de lado a terra
e vão se esquecendo de ti
Onde vais?
Perguntas tu ainda meio a dormir
Então vivemos na zona limite
perto do nada, ali, lá atrás
2004
Não há quem lhes escape
não há quem resista
são os Senhores da Guerra
essa raça maldita
procuram prazer num jogo mortal
ficamos sem saber
quem é o homem, quem é o animal
2009

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

AC/DC - War Machine (2008)

2008 foi um ano marcado por 2 regressos de peso na cena hard rock: Chinese Democracy, o tão prometido álbum dos Guns 'n' Roses, e Blck Ice, o primeiro trabalho dos AC/DC em 8 anos.
Do álbum de Axl Rose e (outra) companhia já aqui falei. As expectativas estavam altas e, no geral, o disco desiludiu. Chegou agora a vez de falar da mais recente aventura ligada à corrente dos irmãos Young.

Com alguns meses de existência, Black Ice soa a clássico do princípio ao fim. Sem criar tanto burburinho como Chinese Democracy, o novo álbum dos AC/DC é bem mais sólido, é um conjunto de canções rock ao bom velho estilo. Tantos anos passados desde High Voltage, o primeiro álbum da banda, lançado e 1975, e ainda assim estes tipos não perderam o espírito da coisa. Continuam a fazer rock 'n' roll do mais puro que há, entretenimento hard para quem gosta de boas guitarradas e não está preocupado senão em sentir a música.

Escolhi este War Machine de um disco que mostra que os AC/DC continuam, mais do que ninguém, bem ligados à corrente. Tirem daí o sentido se acham que o tema é político, uma crítica à Administração Bush ou revelador de um mundo pós-11 de Setembro e Guerra do Iraque. Nada disso. A banda não mudou de temáticas preferidas. Afinal, estamos a falar dos AC/DC, a mais eficaz e deliciosa máquina de prazer hard rock. Quem o diz é o próprio Angus Young, ao jornalista José Manuel Rodrigues em serviço para a Blitz de Novembro 08: "Gosto mais de ver a nossa música como puro entretenimento".
A explicação não podia ser mais a la Angus Young. O riff inicial (que é soberbo, diga-se de passagem) fê-lo lembrar-se de máquinas de guerra, o título e letra vieram daí, da inspiração da música propriamente dita.

E o guitarrista remata: "Não era agora, com esta idade, que íamos começar a tentar ser inteligentes!"

Angus Young e companhia estão de saúde e Black Ice recomenda-se vivamente.

Para abrir o apetite, War Machine, os AC/DC, bons como nos velhos tempos.

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"Better watch your back
And cover your tracks
Kick your foot through the door
Hit the deck, know the score
They take you by surprise
And here's mud in your eye"

domingo, 11 de janeiro de 2009

Dj Ride - Come Take The Ride (2007)

Talvez fosse preconceito. Apesar da minha melomania não estou a salvo.
A verdade é que a música electrónica, as festas, os dj sets, os clubes de dança nunca me chamaram muito à atenção. Eu sou rock 'n' roll. Gosto dos grandes concertos e do pó que levantam, gosto da rudeza do som ao vivo, do suor, das salas pequenas, dos recintos sujos. Não saio para dançar, saio para ouvir e ver música.

Não é algo que tenha escolhido, nem que consiga explicar.
Por força da profissão, os meus preconceitos musicais - se é que assim se podem chamar - têm ido todos pelo cano abaixo. O último deles a ser destruído, e talvez um dos maiores, foi o "preconceito-dj", vamos chamá-lo assim.

O maior responsável é Dj Ride, campeão nacional de turntablism e um dos poucos portugueses a dedicar-se a sério à arte do scratch. Começou aos 17 anos e hoje, aos 20 e muito poucos, lançou o tão aguardado álbum de estreia, Turntable Food, já colaborou com nomes como Micro Audio Waves, The Legendary Tiger Man, Slimmy ou Coldfinger e prepara-se para cumprir um feito inédito em Portugal: lançar o 1º vinil de scratch português, uma ferramenta essencial para que o turntablism nacional saia do quase marasmo em que está.

Quase, porque Ride é um agitador incansável nestas coisas do scratch, e o panorama pode realmente mudar, daqui em diante.

Ouvi os temas dele no MySpace, vi os vídeos todos e ao conhecê-lo consegui entender porque é que o sólido "preconceito-dj" se desfez. É que o dj pode (e deveria sempre que possível) ser um criador, mais do que um mero passador. Também gosto de alguns passadores de discos, mas aquilo que mais me afastou do deejaying foi isto: alguma falta de criatividade.

Ora, Dj Ride faz a sua própria música e fá-la de forma - quanto a mim, que sou leiga - brilhante.

Escolhi este Come Take The Ride, com a magnífica participação de Margarida Pinto, vocalista dos Coldfinger. Soberbo.

Não deixem passar a boleia de Dj Ride, Come Take The Ride.

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"Come on, take the ride
Come along, baby, won't you take the ride?"

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Feromona - Bisturi (2008)

Estou a gostar disto.

Uma Vida A Direito é o álbum de estreia dos lisboetas Feromona, um trio que já anda por esses palcos fora desde 2002.

Fiz o download - legal, gratuito e completo - desta primeira aventura de estúdio e a coisa agrada-me. Principalmente pela mistura de influências que, embora se concentrem todas algures na década de 90, dão às canções um travo ao mesmo tempo novo e familiar. Feromona às vezes é um power-trio puramente rock 'n' roll a beber nos 90's, outras vezes é mais grunge, nalguns arranjos e letras que não me espantaria ver traduzidos nos cadernos de Cobain, às vezes cai mais para as sonoridades indie. Para além de cantarem sempre em português, há outra coisa que dá a Uma Vida A Direito uma identidade - diria... - lusa. Estão lá os Ornatos Violeta em grande plano a dar o mote, e todas as outras bandas nacionais que marcaram o rock dos últimos anos de 80 e toda a década de 90.

Gostei bastante do toque mais funky com que começam Psicologia, um dos temas escolhidos para single e que já está a rodar nas rádios. As letras são deliciosas por duas razões, só aparentemente contraditórias: são histórias simples de raparigas, sexo e discussões mas não lhes faltam os sentimentos, sem serem lamechas.

A verdade é esta: os Feromona falam do que lhes apetece e fazem-no com competência.

E há outra coisa muito rara: letra e música sobrevivem, nenhuma se sobrepõe à outra. Há o mesmo cuidado nas duas componentes da canção e isso é muito bom de ouvir.

Escolhi este Bisturí, de um álbum que - não consigo bem explicar porquê - já fazia falta ouvir, sem ser propriamente um diamante luminoso. Talvez das canções mais "abstractas", mas a que me marcou mais.

Uma coisa é mais que certa. O download vale a pena e recomenda-se. E, façam favor, contribuam com aquilo que quiserem e puderem, mas não deixem de contribuir.

Bisturí, os Feromona.

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"Um bisturi
pedaço
de algodão doce
um bisturi
que eu seguro como se ele fosse
só p'ra ti
p'ra que mordas sem que eu sinta remorsos"

sábado, 3 de janeiro de 2009

Prince - Kiss (1986)

A notícia está por todo o lado. Prince vai voltar em 2009 não com um, nem com dois, mas com três novos álbuns de originais. E o melhor de tudo? A distribuição vai ser feita mais uma vez por conta própria, sem editora.

Os desentendimentos dos últimos anos com editoras culminaram em 2007 com a distribuição de Planet Earth com um jornal inglês, uma verdadeira chapada de luva branca nas caras das grandes labels internacionais. Já em 2008 (a tentação de escrever este ano ainda é grande...), bandas como os AC/DC (a propósito, em breve farei aqui a minha crítica a Black Ice) seguiram-lhe as pisadas, e fizeram a distribuição sem editora, juntos dos grandes retalhistas.

(Agora sim) Este ano Prince repete a façanha e edita três álbuns, com sonoridades diferentes: MPLSOUND, mais electro e pop experimental, Lotus Flower, um tributo à guitarra eléctrica e Elixir, em parceria com a cantora sua protegida, Bria Valente, em que Prince vai estar à guitarra.
Para além de ser sempre positivo ver notícias destas em que aos poucos os grandes nomes da música mundial se vão libertanto dos grilhões das grandes distribuidoras, o regresso de Prince marca o regresso de uma pop/funk perdida nos idos gloriosos dos anos 80. Cá para mim, isto promete.

Antes de vos deixar com este Kiss, de Parade, o oitavo álbum de uma imensa discografia, quero apenas dizer mais isto: é claro que o trabalho das editoras e distribuidoras é importante para o mundo da música, não digo o contrário. Mesmo com as facilidades que esta nova era da comunicação nos apresenta, os novos músicos não conseguem fazer valer o seu trabalho por conta própria e conseguir viver exclusivamente disso. Por esta razão, as estruturas de distribuição e edição são importantes numa primeira fase. Quando a banda ou artista em causa tem um nome e um currículo tão sólidos como Prince ou os AC/DC, porquê continuar a alimentar a luxúria grandes máquinas da indústria musical?

Parece-me que a solução não é o fim das editoras, mas um diálogo muito mais aberto sobre os direitos dos artistas e das empresas associadas. Talvez pequenas editoras, quase familiares, consigam resistir mais facilmente a todos estes constrangimentos que as grandes labels.

Para já, e para abrir o apetite ao que se segue, uma viagem até aos psicadélicos anos 80, com Prince e Kiss.

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"You don't have to be rich to be my girl,
You don't have to be cool to rule my world
Ain't no particular sign I'm more compatible with
I just want your extra time and your kiss"

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Silence 4 - Empty Happy Song (2000)

E assim chegou 2009.

2008 foi um ano de boas colheitas musicais e em breve este cantinho aqui fará um ano de canções.

Por esta altura todos os sites e blogs de música fazem as suas escolhas, os melhores do ano que passou, os álbuns que mais agradaram, aqueles que mais desiludiram, etc. Como todos os melómanos, eu adoro essas tabelas e tops, ando sempre a espreitá-los. Bem, geralmente as escolhas deles nada têm a ver com as minhas. E isso tem uma explicação, entre muitas outras explicações igualmente válidas. Os álbuns, bandas, canções que nos marcam não precisam de ser necessariamente colheitas desse ano.

Exemplo: Para mim, o álbum do ano foi The Velvet Underground & Nico. Sim, esse mesmo, o álbum da banana, de 1967. Entendem? Foi a minha "descoberta" de 2008. É claro que também descobri coisas verdadeiramente novas. O Projecto Fuga ou Are You Ready For The Blackout?, o último álbum dos X-Wife. Mas se houve disco que me marcou foi de facto o de Lou Reed e companhia. Por muito que eu queira pôr de lado esse facto - e penso que este será um pensamento comum à maioria dos melómanos como eu... - os anos que já vivi são poucos para tanta história da música. Quando os Velvet Underground se preparavam para lançar o seu álbum de estreia faltavam ainda quase 20 anos para eu nascer. Constrangimentos de ter nascido na segunda metade dos anos 80... Quanto a isso nada a fazer...

Isto explica o facto, que poucas pessoas entendem, de eu andar sempre à procura de música nova nas décadas de 80, 70, 60, 50 e por aí fora.

Escolhi para hoje uma canção espantosamente com quase 10 anos. Essa sim, que acompanhou a minha adolescência. Empty Happy Song é uma excelente forma de começar o ano. Pode parecer estranho, a letra é um tanto ou quanto triste, mas é uma resolução esforçada para um ano que começa.

Empty Happy Song, Silence 4.

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"May the new year come with a song
An empty happy song
To make my life so right for me

[...]

Live die cry tonight
Let tears fall down your face and laugh
Don't waste your last words on sorrow
Live like there is no tomorrow
And may we all be one
In this song
An empty happy song
To keep us smiling instantly
Become what we would like to be
Indulge ourselves to believe
And though we'll never ever be
We'll pretend that we all can be
Free"