segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Blasfemea - For You Darling (2008)

O nome já soava por aí, mas só agora, confesso, uma coisa me levou a procurar o MySpace dos Blasfemea. Rui Maia, o discreto homem por detrás das teclas dos X-Wife, passador de discos nos tempos livres, é o produtor de BLSFM, o primeiro Ep da banda.

Estes quatro rapazes vão beber da mesma fonte que o grupo de Maia e João Vieira, o electro-rock, electro-clash. Ainda não estão no ponto como os X-Wife, mas também a mais não são obrigados, estão a começar. E a julgar pela excelente amostra que têm no MySpace a coisa promete. Resta-me confirmar ao vivo.

Com menos "maquinaria" que os temas dos X-Wife, este For You Darling tem guitarras em despique como se quer, a bateria a pontuar o ritmo, a voz e a atitude que tem feito deste estilo um fenómeno hype nos últimos anos.

Eu, que estou a descobrir este (para mim) admirável mundo novo do electro-rock, gostei.

Confiram aqui.

Blasfemea, For You Darling.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Ella Fitzgerald - Have Yourself a Merry Little Christmas (1960)

Para todos os que lêem este blog, a swinging Christmas.
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Have yourself a merry little christmas
Let your heart be light
Next year all our troubles will be
Out of sight
Have yourself a merry little christmas
Make the yule-tide gay
Next year all our troubles will be
Miles away
Once again as in olden days
Happy golden days of yore
Faithful friends who are dear to us
Will be near to us once more
Someday soon, we all will be together
If the fates allow
Until then, we'll have to muddle through somehow
So have yourself a merry little christmas now.
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Feliz Natal

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

The Legendary Tiger Man - Fuck Christmas, I Got The Blues (2003)

Não há nada a fazer, eu adoro os blues.
Muitos dirão que os blues são o parente pobre do jazz. Como aqueles que um dia disseram que a música pop, no sentido de popular, deixava de ser música por isso. Música, só a erudita.

Na verdade os blues são estruturas musicais simples, das quais partem todas as canções, um pouco como no nosso fado. Há uma forma de cantar, de tocar a guitarra ou banjo, de entoar as notas, de construir os poemas que distingue qualquer blues à distância.

Nascidos nos finais do século XIX, pelas mãos calejadas dos imigrantes negros no delta do Mississipi, os blues são, como diz o especialista José Duarte, o principal afluente do grande rio do jazz. Sendo ao mesmo tempo inspirador e inspirado.

Não são um estilo muito flexível, com o qual se consigam fazer mil e uma experimentações e talvez esteja aí o encanto dos blues, na simplicidade, na honestidade.

É Natal e não posso deixar de sugerir este irónico Fuck Christmas, I Got The Blues, tema que deu nome ao segundo álbum de Paulo Furtado enquanto The Legendary Tiger Man.

As one-man-bands são outra coisa deliciosa. Um homem, uma parafernália de instrumentos. Marca o ritmo no pedal da bateria enquanto toca guitarra e harmónica. Tudo ao mesmo tempo.

Paulo Furtado recupera esse imaginário dos músicos pedintes, com a armação de metal ao pescoço, mini-bateria e guitarra às costas. Isso tudo aliado a uma imagem vintage soberba, fazem dele um dos músicos mais carismáticos da nossa praça.

Quem não estiver muito ligado nas tradições natalícias, aproveite o dia 25 para rumar à Galeria Zé dos Bois e assistir a mais uma edição das Fuck Christmas, I Got Something Weird Sessions.

The Legendary Tiger Man, Fuck Christmas, I Got The Blues.

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"Fuck Christmas, baby... I got the blues!"

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

The Velvet Underground & Nico - Sunday Morning (1966)

Não consta que Sunday Morning tenha sido escrita numa manhã de Natal que calhou a um domingo. Ainda assim, e para mim, esta é uma canção para a quadra.

Originalmente escrita a pensar na voz doce de Nico, acabou por ser cantada por Lou Reed na versão de The Velvet Underground & Nico, o álbum da banana. No último ano tenho-o consumido de forma quase compulsiva, e vezes houve em que julguei ser impossível tratar-se de Reed. É um registo completamente diferente do resto do disco. Está explicado porquê.

Isto de escrever sobre canções torna-nos devoradores vorazes de informação. Jornais, revistas, livros, blogs, sites, tudo. Descobrem-se coisas incríveis por detrás dos temas, outras coisas vêem por arrasto. Chega a ser assustador.

Talvez a sonoridade natalícia de Sunday Morning advenha da utilização do instrumento com o sugestivo nome celesta e da voz angelical de Nico, ao fundo. A verdade é que, quando o inverno se instala e Dezembro se aproxima, este tema entra obrigatoriamente nas minhas playlists. As do mp3 e as da memória.

Sunday Morning, os Velvet Underground, com Nico.
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“Sunday morning and I’m falling
I’ve got a feeling I don’t want to know
Early dawning, sunday morning
It’s all the streets you crossed, not so long ago

Watch out, the world’s behind you
There’s always someone around you who will call
It’s nothing at all”

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depois
do Natal vão aqui ouvir falar de Dj Ride. Ora espreitem.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Pearl Jam - Let Me Sleep (1991)

As minhas sugestões nos próximos dias vão ser canções para a quadra que se aproxima.
Não, não são canções de Natal. São canções para o Natal.

Há diferenças.

Para abrir escolhi este tema de um dos primeiros singles de Natal lançados especialmente para o clube de fãs dos Pearl Jam. Let Me Sleep, composto algures em Dezembro de 1991, é um tema melancólico, triste até. Conheci-o também num destes natais mais ou menos longínquos, quando no sapatinho alguém me pôs Lost Dogs, o álbum duplo de lados b e raridades da banda de Eddie Vedder. Não tinha reparado - ou não me lembrava já - que o tema era do início da carreira dos Pearl Jam, tão madura, tão sentida que soa.

Já aqui o disse, eles são mesmo a maior caixinha-de-surpresas do grunge. Lost Dogs é a prova mais flagrante disso.

O mais delicioso em Let Me Sleep... Ia dizer o som dos slit drums, um instrumento de percussão - vim a descobrir mais tarde - do tempo dos Aztecas, pelas mãos de Dave Krusen. Mas também poderia dizer a guitarra de Mike McCready, arrepiante. Ou a voz de Vedder, tantas vezes sumida.

Este é sem dúvida um dos temas para este e para todos os Natais. Cheira a Inverno, a frio, a luvas e a cachecóis e a gorros de lã. Cheria àquele momento, depois de todos termos deixado a árvore despida de presentes e a sala desarrumada de papéis e fitinhas coloridas, cheira ao momento em que recolhemos ao quarto da nossa infância e, pouco seguros do alto da nossa adultez forçada, dizemos: dantes é que era.

E adormecemos novamente enrolados como crianças na nossa cama de solteiros e pijama de ursinhos que já estão curtos nas pernas e nas mangas e sonhamos com bonecas, casinhas, carrinhos, aviões e pecinhas de lego.

Os mesmos que agora oferecemos aos nossos filhos no Natal.

Let Me Sleep, Pearl Jam.

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Oh, when I...
If I was a kid...
Oh, how magic it seemed...
Oh please let me dream it's Christmas time..."

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Nirvana - Love Buzz (1989)

Não resisti e aceitei o desafio. 1 música por dia faz bem à saúde - está provado - , várias então... são capazes de prolongar a vida um bom par de anos.

Por isso aqui fica um quiz musical bem simpático. Ah, e já agora, receito este outro medicamento, pelo menos uma vez ao dia.



Então é assim:



1. Colocar uma foto individual




(Ora cá está ela... Vamos a isto.)

2. Escolher um artista/banda
Nirvana

3. Responder às seguintes questões somente com títulos de canções do artista/banda escolhido:

- És homem ou mulher? Oh Me
- Descreve-te: About a Girl
- O que é que as pessoas pensam de ti? Smells Like Teen Spirit
- Como descreves o teu último relacionamento? Love Buzz
- Descreve o estado actual da tua relação: Heart-Shapped Box
- Onde querias estar agora? On a Plain
- O que pensas a respeito do amor? Endless, Nameless
- Como é a tua vida? Aero Zeppelin
- O que pedirias se pudesses ter só um desejo? Mexican Seafood
- Escreve uma frase sábia: Come As You Are

4. Escolher quatro pessoas para responder ao desafio sem esquecer de os avisar.

Tu que lês este blog.


Um balanço desta brincadeira musical: é mais difícil do que parece. Principalmente quando a banda que se escolhe tem um compositor tão maníaco-depressivo como Kurt Cobain. Era quase irresistível colocar Negative Creep como resposta à segunda questão... I'm a negative creep, I'm a negative creep and I'm stoned! Não pude deixar de ouvir este refrão ao ler a pergunta. Tudo isto para dizer que se podem fazer coisas bastante engraçadas com este simples quiz (basta ver a resposta 9...).

Agora sobre a música do dia: deste leque de respostas escolhi Love Buzz, um tema contagiante, muito punk, do primeiríssimo álbum dos Nirvana, Bleach. Adoro guitarra e o baixo, o tom completamente stoned de Cobain, num tema simples, de 3 linhas (como de resto praticamente todos os temas de Bleach), sobre um tipo que declara o seu amor de forma desajeitada. É um tema puramente punk, em sonoridade e atitude, tão delicioso quanto adolescente.

Love Buzz, os Nirvana

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"Would you believe me when I tell you you're the queen of my heart?
Please don't deceive me when I hurt you, just ain't the way it seems.

Can you feel my love buzz?"

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Amy Winehouse - Stronger Than Me (2003)

O meu amor (que é também um assíduo leitor destas linhas) ofereceu-me neste aniversário uma edição especialíssima da discografia de Amy Winehouse. Frank & Back To Black contém, como o próprio nome indica, os dois álbuns da cantora, com dois discos cada, que incluem remixes e temas tocados ao vivo, um pequeno livro com fotos, um texto e todas as letras. Mas a cereja no topo do bolo é a inclusão das demos originais de alguns temas. Quase sem arranjo, nestas gravações está apenas Winehouse acompanhada à guitarra ou ao piano. São raras as vezes em que nos são dados a conhecer os temas em bruto, o que é uma pena.

Já aqui falei de Amy Winehouse e os jornais, revistas, sites, blogs, estão sempre a fazer das tropelias dela notícia. Tenho pena que se fale menos na música propriamente dita e mais nas drogas, nos amores e no álcool. Estes cenários não são novos no mundo da música, por isso torna-se incompreensível tanto burburinho. A menos que justifiquemos esta vaga de fait-divers com o crescente voyeurismo e a sede crescente de escandaleiras.

Nos próximos tempos vou mergulhar na discografia de Winehouse. Gosto especialmente da atitude jazzy, por vezes soul que adopta. Continuo a dizer que os excelentes músicos que a acompanham fazem uma boa parte do trabalho, mas a verdade é que as demos originais mostram que Winehouse é bem mais que uma figura problemática, é bem mais que uma voz (que às vezes está em péssimo estado) ou que um bom arranjo e acompanhamento.

Stronger Than Me, Amy Winehouse.

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"I'm not gonna meet your mother anytime
I just wanna rip your body over mine
So tell me why you think that's a crime

I've forgotten all of young love's joy
Feel like a lady, but you my lady boy"