sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

The Cure - Friday I'm In Love (1992)

Aproveitando a capa deste mês da revista Blitz, o concerto no Pavilhão Atlântico dia 8 do mês que amanhã começa, e, já agora, porque é sexta-feira - hoje proponho Friday I'm in Love, The Cure.

A mítica banda britânica tem melhores temas do que este, de Wish (1992). Friday I'm in Love pertence à fase mais pop dos Cure. A outra fase - ou face - é a da escuridão, do gothic rock, das canções densas, dos videoclips cheios de teias de aranha.

O conceito de gótico na música não é pacífico em mim. Para mim as ambiências criadas pelos Cure são ambiências góticas. Eles souberem criar esses ambientes, sendo profundamente melódicos. A nova geração da chamada música gótica nada tem a ver com isto. Nenhuma é melhor que a outra. Nem pior. Não são é a mesma coisa.

Nos Cure gosto das duas faces. E gosto da face de Robert Smith, dos cabelos em pé, da palidez e até do batom vermelho vivo esborratado. Dos olhos carregados a preto. Gosto da sensualidade pesada de Lullaby e gosto da frescura de Boys Don't Cry e de Friday I'm in Love.

Nenhuma outra banda conseguiu, como os Cure, ser ao mesmo tempo tão sóbria e tão alegremente viva, tão alternativa e tão pop, sem nunca perder a identidade. E isto é que é coerência.

O pós-punk trouxe muitas coisas boas. E os Cure foram uma delas.

Para antecipar o sol de fim-de-semana, Friday I'm in Love, The Cure.


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"Saturday wait
and Sunday always comes too late
but Friday never hesitate"

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

The Doors - Light My Fire (1967)

Ontem no regresso a casa, dei comigo no meio da mais estúpida das experiências.



E tudo graças à senhora com uma criança pela mão que entrou no metro, 2 estações depois da minha.



Não gosto particularmente de ouvir música através de auriculares. Nunca gostei. Mas rendi-me à portabilidade do mp3 e dos seus earphones por culpa da rádio, que, mesmo assim, ainda não consigo ouvir no metro.



Ora, ontem sentei-me confortavelmente, liguei o mp3 e estava a ouvir Light My Fire, The Doors, quando vejo a senhora da criança a falar comigo. Tirei logo um dos auriculares, levantei-me para lhe dar lugar e de repente ouço Jim Morrison quase a capella no meu ouvido esquerdo. Estupidamente fiquei especada a meio da carruagem a pensar no que se teria passado com a faixa e só depois levei a mão ao ouvido destapado.

Assim acontece: em Light My Fire, Ray Manzarek (teclas) e Robby Krieger (guitarra) tocam no meu auricular esquerdo e John Densmore (bateria) toca no direito. Jim Morrison é o único que canta nos dois.

Mas é só em Light My Fire.

A experiência é estúpida. E só é uma experiência porque de repente ouço Jim Morrison com um fundo muito lá ao fundo de teclas e guitarra, nada de bateria, o que transforma tudo.

E me fez pensar na genialidade daqueles músicos, quando, em 1967, misturam os blues ao psicadelismo, e fazem uma das melhores faixas de The Doors, álbum de estreia da banda. Em pouco mais de 7 minutos ouvem-se claramente as teclas pelas mãos do génio Manzarek, num fantástico solo que abre caminho a outro solo, o de Krieger, e que depois de fundem em perfeição. Depois entra Morrison - o ritmo pontuado de Densmore está sempre lá - e sobre ele nada há a dizer. Um génio, simplesmente.


Se não achar demasiado estúpido, faça o teste: pôr e tirar um auricular de cada vez, ouvir os músicos um a um, depois todos em conjunto.


Light My Fire, The Doors. Várias décadas depois e ainda assim genial.


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"The time to hesitate is through
No time to wallow in the mire
Try now we can only lose
And our love become a funeral pyre"

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Duffy - Mercy (2008)

A edição de Inverno da revista Op. aponta 2007 como o ano das divas da soul. Amy Whinehouse - de quem vou, inevitavelmente, falar aqui - foi a grande vencedora dos Grammys. Alicia Keys, embora ainda num campo mais pop, mostrou a sua "cansada" voz soul também no ano passado.



E isto para referir apenas alguns dos nomes mais sonantes.



Parece-me que 2008 vai continuar o reinado soul. Esta manhã ouvi Mercy, primeiro avanço de Rockferry, da cantora galesa Duffy. A fazer fé neste primeiro single, o álbum, com data prevista de lançamento para Março, vai ser uma das grandes apostas soul para este ano.





A ver vamos, quando o disco cá chegar.



Até lá, Mercy, Duffy, já toca nas rádios e aqui.





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"you got me begging you for mercy

why wont you release me

I said release me"

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Entre Aspas - Perfume (1995)

Perfume é uma bela metáfora. É sensual, é poética, sem deixar de ser profundamente rock. O típico rock português dos anos 90. Ouvi-a esta manhã e ficou.

Os Entre Aspas de Lollipop (1995) já não estão no activo, mas a voz de Viviane continua por aí, agora num registo mais pop.

Vale mesmo a pena ouvir Viviane (2007), o segundo disco a solo da líder dos extintos Entre Aspas. Nele Viviane visita o fado, a canção francesa, o tango, a Argentina, à procura de novas e interessantes sonoridades.

O rock dos 90's aqui não tem lugar. Fica apenas a forma peculiar de cantar e o sotaque algarvio que não deixa de imprimir às palavras.

Hoje, uma dupla proposta.

Perfume, Viviane com os Entre Aspas, para uma viagem até aos anos 90;

e

Serenata à Chuva, Viviane, a solo, para quem quer ir até outras paragens.


Para descobrir as diferenças.


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"Queria agarrá-lo, metê-lo no meu frasco, fechá-lo bem p'ra não fugir..."

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Blur - Charmless Man (1995)

Para Damon Albarn, Charmless Man foi o fim de qualquer coisa, o fim do britishpop. Pelo menos para os Blur, banda líder do movimento britânico dos anos 90.

Para mim os Blur sempre estiveram muito além do britpop. As histórias que contam, as temáticas, a sonoridade, a maneira como aplicam o delicioso sotaque britânico nas canções, formam todo um estilo que os afasta muito de uns Oasis.

Charmless Man faz parte de The Great Escape, disco de 1995 que, para Albarn, é um dos dois maus discos que fez. Um disco onde a temática principal é a solidão, um disco que tem muito de autobiográfico, ele próprio o diz.


O cunho de Damon Albarn está também em alguns excelentes projectos musicais mais recentes: dos Gorillaz aos The Good The Bad and the Queen, passando pela sua charmosa - poderei dizê-lo - incursão a solo pela música do Mali, em 2002.


Será o próprio Albarn o homem sem charme da canção?

Ninguém o poderá dizer com certezas.


Seja como for, Charmless Man, Blur, aqui fica a sugestão.


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"I met him in a crowded room
Where people go to drink away their gloom,
He sat me down and so began
The story of a charmless man"

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Billy Idol - White Wedding (1982)

Gosto assumidamente da música dos anos 80. Não há hipótese de ser de outra maneira.

Esta manhã, o meu zapping radiofónico atirou-me para o Serviço de Urgência da rádio Radar. No programa de hoje, Pedro Ramos sugeriu, entre outras, White Wedding, original de Billy Idol, na versão recente dos Queens Of The Stone Age.

Gostei da cover, incluída na edição especial de Era Vulgaris (2007), mas, como acontece quase sempre, não consegue chegar ao patamar do tema original.

White Wedding, a do álbum homónimo de Billy Idol (1982), tem uma vibração muito dificíl de criar em 2007. E é talvez isso que os 80's têm de tão fascinante. Uma sonoridade tão característica que identifica a década nos primeiros segundos e uma perenidade incomparável.

Algumas bandas recentes têm recriado essa sonoridade dos anos 80 e, regra geral têm sido relativamente bem sucedidas. Não foi o caso dos Queens Of The Stone Age, que adaptaram White Wedding ao seu estilo. E não o fizeram mal, apesar de lhes faltar algum brilho.


Este estaminé virtual vai de fim-de-semana. Até ao nosso regresso, White Wedding, Billy Idol, para ouvir.

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"I've been away for so long (so long)
I let you go for so long
It's a nice day to start again (come on)
It's a nice day for a white wedding"

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Só uma nota

para falar no projecto Reservoir Dogs, super-grupo português que recria hoje a banda sonora dos filmes de Quentin Tarantino.

O espectáculo junta em palco músicos de luxo como Rui Reininho, Tiago Bettencourt, Zé Pedro, Kalú, Flak e Tó Trips, entre outros, e acontece esta noite na MusicBox em Alcântara, à meia noite.

Quem pode, deve ir.

Eu, imperdoavelmente, vou perder este concerto úncio. O que ainda me consola é a possibilidade de esta noite ficar registada nem que seja num CD ou DVD regravável, como diz Fred, que assegura a direcção do projecto.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Ella Fitzgerald - How High the Moon (1960)

Nos últimos anos tenho vindo a descobrir mais seriamente o jazz.

Agradam-me mais os clássicos que os novos sub-géneros. Gosto muito dos blues. E fascina-me o scat.

O scat singing é o canto improvisado de sílabas, palavras, que não têm qualquer significado. E é maravilhoso. É a voz como verdadeiro instrumento de orquestra, em pé de igualdade com qualquer saxofone ou piano.

Poderia ter escolhido para hoje um tema integralmente cantado em scat. Tenho ouvido muito Ella Fitzgerald, a primeira-dama da canção, como foi chamada. Temas como Smooth Sailin' ou Rough Ridin', são pérolas do scat singing.

Resolvi escolher a versão de 1960 de How High The Moon, um tema clássico, já presente no álbum 1947-1948. A canção não é inteiramente cantada em scat, mas em Ella in Berlin, o improviso final, toda aquela reviravolta rítmica, faz de How High The Moon um tema da minha eleição.

Porque nem só de palavras se faz o significado de uma canção, Ella Fitzgerald, How High The Moon.



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"How high the moon is the name of this song,

How high the moon, thought the words may be wrong,

We're singin' it because you asked for it,

so we're swingin' it just for you..."

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Bob Marley - Three Little Birds (1977)

Arrepia-me a possibilidade de, num futuro não muito distante, poucos associarem o nome Bob ao apelido Marley.

O cinema tem destas coisas.

O reggae não é o meu estilo musical de eleição, mas Bob Marley é uma figura incontornável da história da música, e deve ser reconhecida e lembrada como tal.

Receios à parte, nestes últimos tempos tenho vindo a descobrir um pouco mais sobre o reggae e a filosofia rastafari a ele associado, muito por culpa de Rastas, documentário do fotógrafo e realizador brasileiro Neni Glock.

Privo-me de mais palavras, porque na verdade pouco há de novo a dizer sobre Marley e sobre o reggae. São canções tão depressa optimistas e sinceras- como este Three Little Birds, a minha escolha de hoje - como transbordantes de consciência social e política. Por vezes são também devotos louvores a Jah. São sempre apelos de paz e de amor. De tolerância e de união.
São o que se quiser.

Esta é mais uma mensagem de Bob Marley e dos Wailers. Three Little Birds - a minha proposta para hoje.


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"Rise up this morning
smiled with the rising sun
three little birds pitch by my doorstep
singin' sweet songs of melodies pure and true"

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Dollar Llama - Head to the Bone (2006)

A minha última incursão pel' A Trompa fez-me voltar a tirar da estante Revolution FM, EP de estreia dos portugueses Dollar Llama.

O primeiro registo de estúdio da banda, lançado em 2006, foi apenas o culminar de uma série de anos a pisar palcos e a vencer concursos, primeiro na Grande Lisboa, depois um pouco por todo o país.

Já nem me lembro de como descobri os Dollar Llama. Lembro-me de ouvir alguns temas on-line, sempre que o velhinho computador da altura o permitia. A versão ainda por polir de Head to the Bone, tocava vezes sem fim.

Para mim, os Dollar Llama eram e são ainda a banda grunge em Portugal. Tiago Simões tem uma indiscutível voz grunge, mais ao estilo Vedder que Cobain ou Stealy. A sonoridade da banda faz juz às influências que orgulhosamente receberam de grupos como os Pearl Jam, Nirvana ou Alice In Chains.

Foi por isto que, num dia qualquer de Abril de 2006, lá fui eu até à estação de metro de Arroios (ou terá sido do Areeiro?) encontrar-me com o Tiago Silva, guitarrista, para ir buscar o meu exemplar de Revolution FM. E como foi bom poder dar 5 euros em mãos - as mãos de um membro da banda - por aqueles 4 excelentes temas.

Na era do MP3, das grandes editoras, das polémicas dos downloads legais e ilegais... São momentos como estes que, para mim, ainda fazem o prazer de produzir e ouvir música em Portugal.

Head to the Bone, Dollar Llama, para ouvir e descobrir mais aqui.


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"Sometimes I feel insane, that's ok,
it's just a game that they are playing with my mind."

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Kajagoogoo - Too Shy (1983)

A reunião de bandas parece que está na moda.
Também os Kajagoogoo regressam em 2008, 25 anos depois de Too Shy, hit arrebatador da década de 80.

Não fossem os discos de vinil que comprei em segunda mão quase por acaso um destes dias - confesso.... - a banda britânica estaria já arrumada num cantinho empoeirado da minha memória.

Too Shy não é uma grande canção. Como talvez não o sejam a maioria das pérolas dos 80's. Mas há nelas qualquer coisa....

Pelo sim pelo não, vou estar atenta.

Para hoje, Too Shy, Kajagoogoo.

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"You're too shy shy
Hush hush, eye to eye"

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

The Meat Puppets - Oh, me (1984)

A edição em DVD do MTV Unplugged in New York, mítico concerto-obra-prima dos Nirvana, chamou-me novamente a atenção para os Meat Puppets.

A banda dos irmãos Kirkwood foi a improvável escolha de Kurt Cobain e companhia para partilhar o palco nessa tarde. E que bela escolha. Quando todos esperavam Eddie Vedder ou qualquer outro nome sonante, os Nirvana vão buscar os Meat Puppets, banda quase anónima do início dos anos 80.

Se a MTV já tremia com a ausência dos maiores hits da banda de Seattle, mais tremeu ainda com a escolha dos convidados. Não se ouviu Smells Like Teen Spirit, mas Lake Of Fire, Plateau e Oh, me - a música que escolhi para hoje. Os três temas originais de Meat Puppets II (1984), assentaram que nem uma luva na voz de Kurt Cobain e no cenário fúnebre de lírios brancos.
Os Nirvana eram mesmo grandes fãs dos Meat Puppets e isso notou-se.

(E dos Vaselines. E de David Bowie. Mas estas são outras canções, para outros dias.)

Quanto aos Meat Puppets, tenho pena de não encontrar praticamente nenhuma discografia nas lojas. Nem os álbuns mais recentes.

Depois de um longo período de ausência, o trio regressou em 2007 com Rise to Your Knees. Um regresso à musicalidade dos 80's, dizem os irmãos Kirkwood.

Quero comprovar isso, quando conseguir ter o disco nas minhas mãos.

Até lá, Oh, me, Meat Puppets.

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"I can't see the end of me
My whole expanse I cannot see
I formulate infinity
And store it deep inside of me"