domingo, 4 de outubro de 2009

The Legendary Tigerman & Cláudia Efe - Light Me Up Twice (2009)

Há já alguns meses que ando a ouvir Femina, ainda que inacabado, por conta de um trabalho que fiz. E só Deus sabe o esforço que fiz para não começar a falar aqui das brilhantes canções do novo álbum do alter-ego de Paulo Furtado, uma por uma.

Depois de alguns atrasos, aquele que é mais que um simples disco de duetos com mulheres, chegou no dia 28 aos escaparates. A Fnac do Chiado encheu nessa segunda-feira e o Lux também, na quarta, para ver o (cada vez menos) solitário homem-tigre.

Desde os primeiros minutos que Femina me deixou rendida. A ideia é brilhante, mas mais brilhante ainda é a forma como é executada. A escolha das vozes femininas que povoam o disco foi improvável mas certeira. Podia ter-se ficado por meia dúzia de clichés, podia ter explorado apenas e só a fórmula mágica do dueto, mas é claro que Paulo Furtado não queria ir por aí. Sou fã confessa do trabalho do músico de Coimbra, ainda assim surpreenderam-me, sem excepção, todos os temas. Gostei das sonoridades (mesmo das mais ovni) diferentes que Tigerman escolheu em função das convidadas, adorei as letras, as cumplicidades que se criaram e que se ouvem. Arrisco-me a dizer que este é um dos álbuns nacionais do ano, senão mesmo o álbum do ano.

Life Ain't Enough For You podia não ser o single óbvio, à primeira vista. Acaba por ser tanto mais óbvio quanto mais se conhecer a história por detrás de Femina e que tem como "musa principal" Asia Argento. As minhas primeiras audições puseram no meu top 5 & Then Came The Pain, com Phoebe Kildeer: um tema forte, com um diálogo tenso e umas guitarras de cortar o fôlego. Depois apaixonei-me por Becky Lee e o seu pé bêbedo de I'm in Love With An Old Fashioned Man, mas principalmente por culpa de No Way To Leave on a Sunday Morning, em que acompanha um Paulo Furtado num registo delicioso. Em She's a Hellcat, Peaches contribui com o seu "pequeno rap", Furtado aventura-se por outras sonoridades. Maria de Medeiros dá a These Boots Are Made For Walkin' uma inocência para lá de deliciosa (embora não ache o tema merecedor de honras de 2º single...), e My St0mach is The Most Violent Of All Of Italy mostra uma Asia Argento bem diferente da do 1º avanço.

Ao vivo as coisas ganham sempre outra dimensão, para mim (e calculo que para os artistas ainda o seja mais) é quase como fazer uma prova dos 9 em presença. No Lux, Lisa Kekaula pôs o público em alvoroço com uma presença desarmante. 20 horas de viagem para encher aquele palco durante os pouco mais de 2 minutos irrepreensíveis de The Saddest Thing To Say, o tema mais soul do álbum. Apesar de me ter parecido a colaboração mais apagada no disco, ao vivo Rita Redshoes surpreendeu-me. Mais com o deslumbrante (e agora revelado) Hey, Sister Ray do que com a cover para Lonesome Town. Apaixonei-me completamente pelo vozeirão de Cibelle, cujo trabalho conhecia pouco, e que ainda não tinha ouvido com Tigerman. Esperei ouvir Radio & TV Blues, o tema que Paulo Furtado diz - e eu também concordo - ter o melhor verso de todo o álbum: "Give me some red poison mixed with LSD, 'cause it makes me feel so much better than fuckin' MTV".

Outro dos grandes versos de Femina é o que abre este Light Me Up Twice, com Cláudia Efe. Para confirmar. The Legendary Tigerman & Cláudia Efe.

(Ah, e escusado será dizer que este é um álbum mais que obrigatório. É vital.)
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"God is everywhere. Under a woman's skirt and inside a man's pants."

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