domingo, 26 de outubro de 2008

Pedro Abrunhosa - Não Tenho Mão em Mim (1994)

Senhoras e Senhores, a revelação do ano é... um tal de Pedro Abrunhosa.

No início era o funk. Quando em 94 o músico portuense começou a fazer discos não dispensava o saxofone, as letras provocatórias, o estilo que balançava entro o puro funk, o jazz rock e os blues. À parte grandes baladas como Se Eu Fosse Um Dia o Teu Olhar ou Lua eram assim as canções de Pedro Abrunhosa & Os Bandemónio. Mas os últimos álbuns do artista puseram de lado toda essa irreverência e começaram a entrar noutros registos, com mais preponderância para o piano, para as letras introspectivas e para um melodia - arrisco dizer - um tanto monótona.

Ontem tive a oportunidade de ver e ouvir outro Abrunhosa, o bluesman. Convidado especial do projecto Reservoir Dogs, super-grupo que revisita a banda-sonora dos filmes de Quentin Tarantino, Pedro Abrunhosa surpreendeu a grande maioria da plateia do MusicBox. Os Oh não... que se soltaram quando o músico apareceu em palco deram lugar a expressões de surpresa, e aos poucos o público começou a render-se a uma interpretação inflamada. Confesso: quando soube que um dos convidados dos Reservoir seria Abrunhosa... fiquei (erradamente) desiludida. E o mesmo deve ter acontecido com uma audiência tão alternativa como a que ontem encheu o espaço do Cais do Sodré. Poucos ali gostarão do Abrunhosa-cliché de Momento.
A verdadade é que Pedro Abrunhosa parece muito mais autêntico ao soltar a voz num blues, a improvisar por cima de It's a Man's Man's Man's World do rei do funk James Brown, do que nas baladas.

Em nome da melhor actuação da noite de ontem, recordo aqui Não Tenho Mão Em Mim, do primeiro álbum de Pedro Abrunhosa, Viagens. Está lá o saxofone, o funk, o ritmo e tudo aquilo que lhe fica bem.

Não Tenho Mão Em Mim, Pedro Abrunhosa.

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"Qualquer dia esfumo-me em vapor.
É que isto é mesmo assim,
Sou só uma ilusão,
Nao tenho mão em mim,
É uma maldição!"

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