segunda-feira, 13 de abril de 2009

Lou Reed - Walk On The Wild Side (1972)

Hoje entrei numa casa-de-banho pública e estava a passar este Walk On The Wild Side. Parece um tanto ou quanto filmesco, mas aconteceu rigorosamente assim. A verdade é que a música está em todo o lado. Até num moderno wc de shopping.

(Agora que penso nisso, será que mais alguém no mundo presta atenção à música que passa nas casas-de-banho por esse país fora? E se de facto alguém mais repara, que impacto teria essa canção na vida do utilizador do wc? E apesar de saber que a maior parte dos leitores deste blog vai achar esta reflexão ridícula e despropositada, vou partilhar ainda mais este pensamento escabroso: e se alguém for apresentado a este tema mítico de Lou Reed numa casa-de-banho pública, entre uma descarga de autoclismo e outra? É bem possível que nem se aperceba do que isso representa).

Como já devem estar carecas de saber, The Velvet Underground & Nico mudou a minha vida. Enquanto melómana, pelo menos. Posso até dizer que para mim há um A.VU. e um D.VU. Duas eras distintas marcadas pela minha descoberta desse álbum e dessa banda seminal dos finais dos anos 60, e que Lou Reed liderava.

Curiosamente, comecei a ouvir os trabalhos de Reed a solo antes de descobrir os Velvet Underground. Coisas de quem nasceu já na segunda metade dos anos 80... Havia qualquer coisa na música dele que me atraía como um íman, uma subversão, uma transgressão qualquer que eu só viria a perceber cabalmente depois de ouvir pela primeira vez o álbum da banana. Ali estava a resposta.

Se nos Velvet Underground a sonoridade é, de certa forma, mais frenética, cheia de distorção e feedback, em Reed a solo a transgressão, a inovação, é outra. É a forma descomprometida com que debita umas coisas, umas histórias, uns acordes minimalistas, é a forma como (não) canta, como arrasta as palavras.

Neste Walk On The Wild Side isso ouve-se. Haverá coisa mais genial? Uma canção sobre droga, transsexualidade, homens que depilam as pernas, sexo, prostituição e uma Nova Iorque selvagem e frenética, enrolada numa sonoridade pouco comum, com linhas de baixo bem marcadas, um leve escovar, um coro delicioso de doo doo doos e, para terminar em beleza, um saxofone que se desfaz num fade out memorável.

Isto é que é dar uma volta pelo lado selvagem.

Walk On The Wild Side, pela mão de Lou Reed.

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"Little Joe never once gave it away
Everybody had to pay and pay

A hustle here and a hustle there
New york city is the place where they said
Hey babe, take a walk on the wild side
I said hey Joe, take a walk on the wild side

Sugar Plum Fairy came and hit the streets
Lookin' for soul food and a place to eat

Went to the Apollo
You should have seen him go go go
They said, hey sugar, take a walk on the wild side
I said, hey babe, take a walk on the wild side
All right, huh"

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