quinta-feira, 19 de junho de 2008

Skunk Anansie - Good Things Don't Always Come To You (1999)

Parece que regressei, talvez pela primeira vez em anos, aos tempos da minha adolescência.
Voltei a ouvir Americana, o álbum dos Offspring que marcou a minha entrada nesse mundo complexo. Nessa altura os discos marcavam definitivamente uma pessoa. Parece que agora a nossa "condição adulta" teima em intelectualizar demasiado a música que ouvimos. Isto soa àquilo, esta composição é assim, esta linha de guitarra ou baixo é assado... As bandas-sonoras das vidas compõem-se na adolescência, está visto. A partir daí, a música ganha toda uma outra dimensão.

Nesta maré de regressos ao passado, descobri, já muito gasto e com a caixa meia partida, Post Orgasmic Chill, o último álbum de uma das grandes bandas da minha adolescência. Os Skunk Anansie foram para mim uma das descobertas mais importantes à época, um som completamente novo, ousado, transgressor. Mas foram também um dos meus maiores desgostos musicais. Quando o meu quarto de adolescente (que continua intacto desde essa altura) começou a encher-se de posters devotos à banda de Skin, eis que os Skunk Anansie decidem separar-se.
O álbum de Lately e Secretly tinha sido o derradeiro.

Post Orgasmic Chill enchia-me as medidas. Era um rock muito criativo e denso. Tanto era politicamente interventivo (On My Hotel TV; We Don't Need Who You Think You Are) como sentimental (I'm Not Afraid, Secretly, Tracy's Flaw). Depois tínhamos ritmos alucinantes de tão rápidos (And This Is Nothing That I Thought I Had), mais pop (Lately) ou mais contidos, como este Good Things Don't Always Come To You. E a voz de Skin... uma das melhores de sempre. Versátil, poderosa, única.

Escolhi este tema, de entre todos, porque era, precisamente, o tema que menos me agradou ao início. Muito melancólico, de sentimentos contidos. Com o tempo, Good Things... revelou-se e entranhou-se, como diria o poeta. É um tema que se mostra denso no final, com boas guitarras e vocalizações. Grande performance de Skin.

Deborah Dyer, de seu nome, continuou a solo, dois anos depois da separação, num registo francamente mais pop. Pop de qualidade, é certo, no entanto, Skin pertencia aos Skunk Anansie e lá é que pôde dar azo a todas as suas qualidades.

Para recordar, Good Things Don't Always Come To You, os Skunk Anansie.

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"Some things, don't go as you want them to,
good things, they don't always come to you."

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