terça-feira, 15 de abril de 2008

Dead Combo - Canção do Trabalho (2008)

Foi em 2001 que conheci Tó Trips. Foge de Ti, primeiro single para o álbum com o mesmo nome, chegava às rádios e eu chegava aos Lulu Blind. Era rock do bom, puro e duro. A voz arranhada de Trips, temas difíceis, ambientes áridos, letras improváveis. Foge de Ti, o álbum, era um objecto estranho na minha estante adolescente. Donuts no céu...

Depois, os Lulu Blind acabaram. O álbum de cartão branco com aquela espécie de anjo astronauta ainda lá está, e de vez em quando salta da estante.

Em 2006 voltei a encontrar-me com Tó Trips, em Vol.2 - Quando a Alma Não é Pequena, o segundo álbum dos Dead Combo. No primeiro, Vol.1, tinha passado por mim despercebido.

Não quis acreditar que se tratava da mesma pessoa. Mas era ele, Tó Trips, que integrava os Dead Combo, com o contrabaixista Pedro Gonçalves.

Não poderia haver melhor regresso. Perdeu-se uma banda da velha guarda rock mas ganhou-se o projecto mais estimulante que a música portuguesa hoje tem para oferecer. Uma mistura de portugalidade, de fado, de calçada lisboeta com filmes western, com ritmos latinos e tudo o mais que lá couber. É jazz, é improviso, é música de todas as ruas do mundo. Pode ser Havana, pode ser Paris, é Lisboa. É onde se quiser ir.

Ontem os Dead Combo apresentaram Lusitânia Playboys, o terceiro disco de originais, a quem quis passar pela Fnac do Chiado. Eu fui, não vi nada e gostei do que (não) vi: Um espaço repleto de gente a mostrar que os fóruns da multinacional estão a ficar demasiado apertados para quem quer aplaudir tamanho talento.

E não pude deixar de sentir uma coisa estranha ao ouvir a voz de Trips no entretantos das canções e lembrar-me de Heroína...

O melhor lançamento do ano.

Os Dead Combo, aqui com Canção do Trabalho.

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A não peder

a apresentação de Lusitânia Playboys, dia 6 de Maio, no Lux.

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