terça-feira, 1 de abril de 2008

Dinah Washington - Nobody Knows The Way I Feel This Morning (1962)

Ouvir as grandes divas do jazz e dos blues fez-me pensar no papel da mulher na música ao longo dos tempos.

Quando as vozes de Billie Holiday, Ella Fitzgerald ou Dinah Washington se mostraram ao mundo ainda a revolução do soutien estava longe. Todas tiveram infâncias difíceis, umas mais que outras é certo, e vidas errantes.

E é essa a grande componente dos blues e que faz deste um género musical muito particular. E se o mundo conheceu muitos e bons bluesmen, a verdade é que as mulheres também deram cartas neste estilo do jazz. Dinah Washington, a Rainha dos Blues, disso é exemplo.

Para quem casou sete vezes ao longo dos seus (curtos) 39 anos de vida, Nobody Knows The Way I Feel This Morning bem podia ser a banda sonora dos seus dias e noites. A desventura amorosa, popularizada depois por Aretha Franklin, mostra uma mulher amargurada pela traição. Amargurada mas não resignada. Uma mulher que mandaria o marido para o cemitério mais próximo, se pudesse. Uma mulher que empenha os anéis de ouro para fugir de combóio. E que ainda avisa aos outras mulheres: não se deixem ir em cantigas.

Hoje as mulheres já não esperam o homem atrás da porta com o rolo da massa, de madrugada. Já não fogem para não mais voltar. Preenchem os papéis para o divórcio.
Tudo mudou.

Hoje o papel da mulher na música está diferente, menos interventivo, mas talvez mais igual.
E depois também há a mulher que vende o corpo disfarçado de música.
Há também mulheres que tentam quebrar esse esteriótipo, como Beth Ditto, a vocalista dos Gossip, que se despe em palco para mostrar que a beleza é subjectiva.

Para hoje, Nobody Knows The Way I Feel This Morning, uma grande canção blues, por Dinah Washington.

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"I'm leaving here on a southboud train
And nothing's gonna bring your sweet baby back here again
'Cause nobody knows the way I feeel this morning"

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