terça-feira, 11 de março de 2008

Nirvana - Sliver (1992)

este estaminé prolongou o fim-de-semana e ontem por estes lados não houve música.
Voltamos hoje, porque uma música por dia, nem sabe o bem que lhe fazia!
Live! Tonight! Sold Out! é um documento fundamental na estante de qualquer fã dos Nirvana ou de quem quer perceber os anos 90.

Pensado e maioritariamente editado por Kurt Cobain, este documentário que reúne vários vídeos caseiros das actuações e entrevistas dos Nirvana foi lançado originalmente em VHS em 1994, já depois da sua morte. A cassete tornou-se uma lenda e em 2006, para consolo de fãs como eu, é lançada a versão em DVD.

Está lá tudo. A mítica aparição da banda no programa Top Of The Pops, onde era suposto interpretarem Smells Like Teen Spirit numa espécie de quase-playback: os Nirvana deveriam fingir estar a tocar ao vivo e Kurt Cobain deveria cantar por cima da gravação insrumental.Mas estamos a falar dos Nirvana. E como não poderia deixar de ser, as intenções da produção do programa foram completamente desmanteladas: ninguém fingiu tocar, e Cobain cantou o grande hit num registo muito lento, quase gregoriano.

Também lá está Kurt Cobain a entrar em palco de cadeira de rodas e bata branca. E lá está a cena em que um tipo espanca Cobain durante um stage diving, em Love Buzz. E estão lá as entrevistas, as aparições televisivas e os vídeos caseiros.
E o melhor de tudo, é que cada faixa é um conjunto de fragmentos, de vários concertos, de diferentes entrevistas. Tudo depois composto por um excelente trabalho de edição.

Imprescindível.

De Seattle para o mundo, os Nirvana marcaram toda a década de 90.

Em 1996, já Cobain tinha sido encontrado morto, e na escola onde eu entrava pela primeira vez, ainda os rapazes mais velhos vestiam camisas de flanela e deixavam o cabelo crescer ao estilo grunge. Ouviam Nirvana e drogavam-se ao fundo do recinto, onde estava um inútil campo de futebol e mais tarde, um pavilhão desportivo.

Depois tudo isso passou. A escola esforçou-se por erradicar aquele pessoal todo.

O grunge já não estava na moda quando apresentei Sliver numa aula de Inglês. Tinha de melhorar a nota com uma prova oral e a música - sempre ela - foi o tema escolhido. Levei a minha bandeira dos Nirvana, fotos e até a suposta carta de suicídio de Cobain. E levei Sliver, de Incesticide (1992).

Quando a linha de baixo começa, ainda está tudo tranquilo naquela sala. O desconforto surge quando guitarra e bateria se misturam com gritos e as palavras adquirem outros significados. Houve quem quisesse sair da sala.

Mas Sliver é, no fundo, uma canção inocente. Sobre uma criança e as suas birras. Sobre querer ir para casa e estar sozinho.

Os tempos já tinham mudado.

Sliver, Nirvana.

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"Mom and Dad went to a show,
dropped me off at Grandpa Joe's,
I kicked and screamed,
said 'please don't go'"


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Quis o acaso

que este domingo à noite eu visse o Festival da Canção, na RTP1. É tão pouca a televisão que vejo que nem sabia o porquê da mudança de programação. Mas uma voz conhecida fez-me parar ali. Era a Joana Melo, que agora integra o excelente projecto Lisboa Não Sejas Francesa, com alguns músicos dos Donna Maria.
Porto de Encontro era, de longe, o melhor tema da noite. O projecto que lhe deu vida é dos mais empolgantes no panorâma nacional, com músicos de grande qualidade. Conjugam o tradicional com novas sonoridades e não se limitam a exaltar os temas típicos da música portuguesa, como o faz a vencedora, Vânia Fernandes, em Senhora do Mar.

Vânia tem seguramente uma boa voz, mas isso não deveria, por si só, chegar.

Lisboa Não Sejas Francesa não chegou sequer aos três primeiros lugares.

Não estarão na Sérvia, mas aqui e ali, uma alternativa nas noites lisboetas.

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