segunda-feira, 3 de março de 2008

Lou Reed - Modern Dance (2000)

No vídeo de Modern Dance, Lou Reed sobe ao palco vestido de galinha.

Corria o ano de 2000, Ecstasy chegava aos escaparates, e aquela imagem ficou.

E é assim, vestido de galinha, que Reed conversa consigo mesmo, divaga, sobre o melhor destino a dar à sua vida.

Há uma altura na vida de um homem em que, inevitavelmente, ele quer estar em todo o lado, menos onde está. Já o dizia Variações, diz também o ex-Velvet Underground, dizemos todos nós, mais tarde ou mais cedo.

É isto que sempre me impressionou na música de Lou Reed e, de certa forma, também nos Velvet Underground: a forma desprendida como se vão desfiando palavras, tecendo considerações. Como se de facto se tratasse de um monólogo. Como se se tratasse de uma conversa para os seus botões. Ninguém mais está a ouvir.

É esta a sensação que se tem ao ouvir Modern Dance.

Talvez Reed deva mudar-se para Amesterdão.
Ou comprar uma quinta no Sul de França e apaixonar-se.
Mas talvez ela não queira ser sua mulher.
Talvez a vida da cidade não tenha sido feita para ele.
Talvez seja melhor partir para a Índia e estudar cânticos.
(Não é vida ser-se mulher de alguém.)

O que interessa é fugir, não se sabe bem de quê. Se da roda-viva da cidade, se da solidão.

É que nas danças modernas, nunca sabemos com quem dançamos.
E quem nunca quis ser, apenas e só, mais um anónimo?


Modern Dance, Lou Reed, a minha proposta para hoje.


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"Maybe I should move to Rotterdam, maybe move to Amsterdam...
I should move to Ireland, Italy, Spain, Afghanistan where there is no rain...
Or maybe I should just learn a modern dance..."

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Para apontar na agenda...

Lou Reed ao vivo em Loulé, dia 20 de Julho. Um concerto para revisitar o álbum Berlin, de 1973. A não perder.

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